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plano de urbanização
do subsetor a1 oucab

concurso público nacional de estudo preliminar ‐ instituto de arquitetos do brasil – iab‐sp e sp‐urbanismo

local
são paulo | sp

projeto
2015

programa
1360 unidades habitacionais, ceu, ubs, parque e passarela de pedestre e ciclista, 145.000,00m²

equipe
gabriel grinspum
fabiana fernandes paiva,
mariana de melo siqueira (paisagismo) e
carlos arellano. consultores: tomas vieira (engenheiro calculista), rodolfo andreo (engenheiro geotécnico)

os eixos de articulação
a estratégia do projeto é dar continuidade ao processo de transformação do sítio com o resgate de características morfológicas e a introdução de princípios de disposição do espaço. a hipótese apoia-se em um raciocínio singelo de estabelecer dois eixos ortogonais entre si, o nordeste /sudoeste, perpendicular ao canal do rio tietê, e o sudeste/noroeste, paralelo ao mesmo. o primeiro eixo, é marcado pela passarela para pedestres e ciclistas e, o segundo, pelo conjunto de canais de regulação das águas da chuva. essas duas linhas de direções diferentes são suficientes para organizar o plano horizontal, induzir a mobilidade almejada e permitir autonomia na vertical para os diferentes agentes e usos propostos.

zoneamento
o eixo de circulação principal, com a passarela para pedestres e ciclistas, é o endereço para as áreas institucionais, ceu e ubs, que ajudam a consolidar e ativar o parque. as zonas de uso misto apresentam duas situações distintas: dois dos lotes (fase 1) aparecem intercalados às áreas com programa institucional e também participam do conjunto passarela/parque, enquanto outros dois lotes (fase 2) fazem fronteira com a av. marques de são vicente. nos dois casos, os blocos definem e adensam o eixo.

os canais e o parque
o sistema de eixos paralelos ao rio estrutura-se a partir de canais projetados, equipamentos que apresentam função hídrica e de lazer. três linhas organizam o sentido noroeste/sudeste da gleba com o intuito de “ampliar” a calha do rio. estes canais se articulam através do eixo principal de circulação com a função de regularizar a vazão de água da chuva e aproximar o rio da cidade, transpondo simbólica e funcionalmente as grandes vias expressas que comprimem o canal principal. a reconstituição das cotas alagadiças, que caracterizavam a várzea do rio, tem a função de reequilibrar o ambiente construído e oferecer um caráter único à urbanização para o setor.

o canal a sul consolida um vazio no trecho mais densamente construído do setor. o canal central conecta a galeria de águas pluviais do córrego da água preta com o córrego da água branca e ainda estrutura o parque linear, aproximando as comunidades já consolidadas da região com as futuras habitações de interesse social. esses dois canais de concreto, ladeados por taludes gramados e aborizados, apresentam a mesma seção côncava que, quando seca, serve como pista de skate, patins e outros meios de locomoção sobre rodas. a largura base destes rebaixamentos é de trinta metros e seus taludes tem secção assimétrica, com no máximo 20% inclinação. a diferença de nível entre as calçadas e o fundo dos canais é de 3m.

o canal a norte apresenta seção e dimensões maiores e é o principal equipamento de lazer que afirma a presença do rio no cotidiano da cidade. o trecho a leste tem geometria regular e auxilia as atividades do ceu como raia para esportes náuticos. o trecho oeste é conformado de forma naturalista e tem a característica de praia fluvial.

os canais estruturam o parque, que ,por sua vez, permeia os lotes, qualificando as áreas de fruição internas aos edifícios.

os eixos de infraestrutura fluvial, com suas potentes áreas verdes, são as fachadas principais do conjunto. através estas retas, o transeunte faz uso de uma sequência de distintas áreas livres e acessa as áreas comercias e de serviços que ocupam o piso térreo das edificações de uso misto.

a ponte e os equipamentos
o eixo articulador perpendicular ao rio tem como elemento guia a passarela de pedestres e ciclistas. ancorada com um ângulo de 30 graus no trecho norte da ponte júlio de mesquita, a travessia do rio é feita com duas barras independentes e paralelas. o conjunto é pontuado por volumes prismáticos, que abrigam a circulação vertical entre a cota do terreno e o nível da passarela. isso é feito de duas maneiras: pelas rampas que se entrelaçam, uma destinada aos pedestres e outra aos ciclistas e por um elevador, que respeita a acessibilidade universal e se soma a uma escada de emergência.

na parte superior dos blocos, feitos de concreto moldado in loco, temos áreas dedicadas a equipamentos institucionais complementares e de serviços: posto de policia, informação turística, oficina de bicicletas. estes usos sobrepostos permitem acessar a cobertura jardim dos blocos e ter uma vista panorâmica do parque e do rio.

a divisão da seção da passarela em duas partes permite uma solução técnica de maior flexibilidade econômica e logística, podendo ser implantada em etapas, e antecipar o funcionamento do equipamento de mobilidade. os dois braços ampliam as opções de conexão do eixo de circulação com os equipamentos.

as barras de circulação horizontal são de estrutura metálica industrializada, elemento que retoma a linguagem das pontes ferroviárias. a seção destas barras é na maioria dos trechos de 3,5 metros de largura por 5 metros de altura, com vãos de 32 a 48 metros. no trecho da transposição do canal principal do rio, as vigas verticais têm sua altura ampliada em 75% e são enrijecidas pelas vigas horizontais de piso e de teto. este vão central é de, aproximadamente, 120 metros.

no trecho mais longo, sobre a av. marginal e o canal principal, as passarelas não são irrigadas por edifícios, mas poderão facilitar o acesso a futuras estruturas de transporte coletivo. este trajeto longo, sobre uma plataforma estreita, permite ao usuário vivenciar a infraestrutura vertebral da cidade e contemplar a grande esplanada que as planícies proporcionam.

na gleba sul, a passarela conta com três volumes de circulação vertical e passa a estruturar os equipamentos institucionais. na quadra maior, a passarela serve como guia para a implantação dos volumes do ceu: nesse trecho as barras se juntam e bifurcam, permitindo acesso direto ao terceiro andar do equipamento, além de conformar a praça cívica principal do conjunto. essa praça afirma o sentido do eixo da passarela e a conexão entre os diferentes usos. passado o núcleo central de convivência, a passarela continua até vencer a alça viária da via expressa e articular, do lado oposto, a ubs.